Ativismo político e pixação em Porto Alegre
Se você mora em Porto Alegre, certamente já viu o nome Toniolo escrito em alguma parede da capital. Se você costuma observar a cidade, e não apenas transitar por ela, você já deve ter visto a peculiar inscrição centenas de vezes, talvez milhares. O que talvez você não saiba é que esse nome se refere a um ex-policial civil com mais de 70 anos.
A história de Toniolo começa nos anos 70 nas sessões “Cartas dos Leitores” dos jornais da capital, onde desferia suas críticas à tudo e a todos. Tempos pacatos que não duraram muito. Após uma crítica a seu próprio chefe de polícia, Toniolo foi aposentado e suas cartas passaram a ser recusadas. Foram-se as folhas dos jornais, mas ainda restavam paredes, prédios e muros prontos para serem transformados em veículos de comunicação.
As primeiras pixações surgiram no Centro, especialmente na Mauá “porque todos os ônibus passavam por lá”, afirmou Toniolo em entrevista. Com o tempo as pixações se espalharam por toda a cidade e também pelo litoral gaúcho, impulsionadas por jovens que admiravam e apoiavam célebre pixador idoso.
Vote Toniolo
Toniolo é um Esquizofrênico Paranóide. Não sou em quem digo, mas o atestado usado em sua aposentadoria forçada. Talvez para fazer jus ao diagnóstico, Toniolo por muitas vezes lançou-se candidato a cargos públicos. O partido escolhido foi o inexistente PAB (Partido Anarquista Brasileiro), pelo qual chegou a ser candidato à Presidente da República, usando, em todas as vezes seu número cabalístico 5143.
Para promover sua candidatura a Governador nas eleições de 1990, o “Rei do Piche” despejou milhares de panfletos no centro da capital. Os panfletos continham uma matéria falando sobre sua carreira pichatória e também um adesivo de 5x3cm com as inscrições ” Partido Anarquista – S.J. Toniolo – Governador – Para colar na Cédula”. A campanha publicitária do pixador resultou em, óbviamente, processos (incitar o voto nulo era crime na época), mas também quase fez a eleição ser anulada conforme reportagem do Jornal do Comércio de 26 de outubro de 1990.
O caso do Palácio Piratini
Um dos causos mais famosos de Toniolo é a pixação com hora marcada do Palácio do Piratini. Tenha sido para provocar a imprensa, a polícia ou os políticos, o fato é que Toniolo um dia divulgou um aviso ousado: às 17 horas do dia 17 de março de 1984 pixaria a sede do Poder Executivo em Porto Alegre, o Palácio Piratini.
Chegado o dia, lá estavam mais de 200 policiais resguardando a virgindade das paredes da instinuição. Não adiantou. Estando careca e já bem mais velho do que na fotografia que os policiais possuíam como referência, Toniolo passou tranquilamente pela barreira, sacou sua arma e grafou TONIO… Faltaram duas letras, mas a promessa estava cumprida, a fama definitivamente conquistada e o nome inscrito não só na parede, na história de Porto Alegre.
Rei ou vilão não se sabe, mas certamente uma das figuras mais expressivas da história da capital.