É de fácil percepção que o ser humano gosta de chamar a atenção, quer se destacar e ser ouvido por todos. Também é de fácil percepção que alguém que tenha o dom das palavras terá poder, não é à toa que existiram ditaduras horríveis no passado baseadas apenas na lábia de um ou outro “agente persuasivo”. Ter seguidores, outras pessoas que idolatrem alguém apenas pelo seu discurso, é a ambição de muitos desde o início dos tempos, contudo agora parece estar cada vez mais ao alcance de qualquer um. Isso, QUALQUER UM mesmo. Eu, você, seu primo, o dono daquele estabelecimento do seu bairro, o prefeito, o ator que está naquela novela, todos temos esse poder nas nossas mãos. É só estar no universo digital, conectados à uma rede e pronto, podemos falar para milhões de pessoas o que quisermos.
Hoje em dia ter um blog, um vlog ou algo do gênero, e viver disso- tendo fama e milhares de fãs- é algo bem mais simples do que juntar algumas pessoas em uma praça para dizer verdades e mobilizar uma atitudes contra um governo, por exemplo (atos bastante marcantes em um passado não tão distante, em diversos locais do mundo todo). Ter uma conexão de internet já é o suficiente para gritarmos para o mundo pensamentos que ninguém está interessado em saber, ou pelo menos assim deveria ser, visto que muitos indivíduos falam banalidades e se acham grandes pensadores críticos e um número ainda maior segue o que por estes é dito como se fosse uma grande descoberta para a humanidade. Críticas à parte, a grande questão é o quão benéfico pode ser este “poder”… As pessoas não guardam mais seus pensamentos para si, precisam expor a cada segundo o que está acontecendo na vida delas e o seu ponto de vista das coisas (sendo esse um dos motivos do grande sucesso do Twitter), precisam ser “agentes persuasivos” praticamente o tempo todo e vivem personagens, esquecendo sua verdadeira personalidade. Estamos em uma era onde julgamos e somos julgados o tempo todo pelo que estamos expondo em nossas redes sociais, onde podemos mesclar o mundo real com o digital o tempo todo. O exemplo disso é estar na aula e se comunicando via Facebook por algum Iphone, Ipad ou Android, algo muito comum de se ver atualmente.
Mas e esse “mesclar” de realidades? O quanto ele pode alterar quem nós realmente somos? Podemos ser considerados seres humanos digitais? E até onde esse poder ilimitado de “persuasão” (ainda que alguns não saibam como usar) pode nos levar? Por que continuamos assistindo os governos fazerem o que bem entendem de braços cruzados enquanto reclamamos se podemos utilizar esse “poder” para mudar tudo o que está errado? E, por último, quantas camadas nós temos? São perguntas que pairam em aberto, esperando ser respondidas em breve.